Sala de Chat

Resolvi fazer, deste modo, uma modesta homenagem à sala 41-60, do chat do Clix, evocando o período de 2003/04.
Apesar do virtualismo reinante nesta sala (e tantas outras), mostrei-me sempre o mais real possível, sentindo e irradiando a luz e o calor humano existente entre os seres, apesar das distâncias, do gélido aspecto e ausência de sentimentos entre teclados e monitores.
Noites de brincadeiras e de saudável reunião com pessoas desconhecidas parecendo, algumas delas, amizades de longa data pelo convívio diário.
Pessoas alegres, brincalhonas... outras menos alegres.
Horas em que o teclar se ia, aos poucos, transformando em palavras, frases e textos.
Muitas vezes... em poemas.
Horas folgadas de brincadeiras e conversas sobre os mais variados temas. Por vezes, alguém interferia no convívio com impropérios, injúrias, palavrões, enfim... tudo o que lembrassem de momento.
Alguns, depois de bem "conversados", revelavam-se pessoas que procuravam atenção. Apenas tinham escolhido a maneira menos própria de a conseguir. Muitos revelaram ser pessoas de confiança e que se tornaram verdadeiras amizades.
As horas mais tardias, em pleno coração da madrugada, davam lugar a temas mais sérios.
Tempo de gente feliz com lágrimas.
Tempo em que, as várias luzes emanadas de cada ser, sendo elos duma mesma cadeia que faz parte integrante do Universo tinham, por momentos, o poder de transmutação da virtualidade em pura realidade.
Tempo de construção de amizades virtuais com "pessoas como eu", desassossegadas, perdidas na solidão dos dias e envoltas no manto da noite... em fases "menos boas" da vida que, em conversação geral ou em privado, abriam o coração em troca duma palavra amiga, duma frase de esperança, do calor da luz espiritual que, emanada do Amor e Compaixão de quem sabe "escutar", irradiava conforto e mitigava um pouco a dor alojada na alma.
Quantas vezes "senti" as lágrimas que, teimosa e silenciosamente, sulcavam o rosto de quem abria a coração do outro lado da tela?
Quantas vezes "senti" o sorriso de quem me "escutava" do lado de lá?
Quantas vezes me deitei sabendo de pessoas que me tinham "escutado" e que, apesar do seu estado de espírito ser parecido ou pior que o meu, deixavam um pouco da sua luz?
E as vezes que, esquecendo-me de mim próprio, era eu quem "escutava" aqueles que necessitavam de alguém que os "ouvisse"?
Era então que, ao intensificar-se e irradiar o brilho da minha própria luz, acolhia alguma paz no interior da minha própria alma.
Saúdo, deste modo, todas as amizades com quem convivi nesta "salita".
Umas tornaram-se reais e outras ainda contacto.
Há as que já "partiram" desta vida... permanecem na memória.
Há ainda as que se "evaporaram"... estão na lembrança.
Mas, no seu conjunto, todas as Amizades voam na minha saudade e... residem no meu coração.

Às Amizades

Um beijo no Coração... Um beijo na Alma

Tashidelek